Com o propósito de ajudar as incapazes condutoras portuguesas, o centro comercial criou lugares de estacionamento próprios para mulheres. Mais largos do que os normais (cerca de um metro), têm uma largura superior aos que são reservados aos cidadãos com deficiência, que necessitam de mais espaço para a utilização de cadeiras de rodas.
Num parque com 1400 lugares, os que são destinados às mulheres encontram-se junto dos espaços reservados a grávidas e a mulheres com crianças, famílias numerosas e a pessoas com deficiência, assinalados a cor-de-rosa (conforme a cartilha sexista).
Preocupado com a segurança das suas clientes, o dito Shopping reserva-lhes ainda uma outra regalia: os lugares exclusivos para as mulheres estão mais próximos da entrada do centro comercial de modo a auxiliá-las em caso de excesso de compras (porque só as mulheres vão às compras!) e conferir-lhes mais segurança (porque só elas são vítimas de assaltos!).
“Gentileza”. É, precisamente, com este substantivo que a Direcção do Shopping 8ª Avenida justifica a cedência de lugares a mulheres. Perdoem-me a discordância, mas no meu léxico encontro um vocábulo muito mais curial: Estupidez!
Mas a ridicularia não fica por aqui! No Shopping de São João da Madeira, copioso em originalidade (leia-se imbecilidade), os WC’s masculinos ostentam, por detrás dos urinóis, uma estante em vidro onde estão inúmeros manequins vestidos e em poses sensuais. Permitam-me a pertinência, mas qual é o objectivo desta vez? Trata-se, novamente, de uma questão de “gentileza”?!
Não obstante a pobreza do episódio, devo confessar que saí enriquecida a nível lexical. Fiquei a saber que o substantivo “gentileza” pode significar estupidez, imbecilidade, discriminação, cavalheirismo medíocre (ups, desculpem-me a redundância!).