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Category Archives: Sagrado/Profano

 

Vocês, (…) mulheres, sejam submissas a vossos maridos, a fim de que, mesmo se alguns recusarem acreditar na Palavra, eles sejam convertidos, sem palavra, pela conduta de suas mulheres, levando em consideração vossa conduta pura e respeitosa” (Première Epître de Saint Pierre, 3, 1-7. La Bible, traduction oecuménique, Paris: Cerf/Société Biblique Française, 1989, p.2977 (traduzido por Zaíra Ary).

O Marianismo vigorou na História durante muito tempo. Trata-se de uma doutrina, de cariz metafísico ou transcendental, que atribui poderes de superioridade espiritual à figura feminina.  Baseada no culto da Virgem Maria, esta crença é, frequentemente, comparada ao valor supremo da mulher em termos de moralidade e/ou de espiritualidade. Alguns pensadores chegam, mesmo, a estabelecer uma analogia com “o outro lado do machismo”.

Na perspectiva de Evelyn Stevens, “o marianismo é o culto da superioridade espiritual feminina, que considera as mulheres semidivinas, moralmente superiores e espiritualmente mais fortes que os homens.” Assim, as mulheres são vistas como detentoras de uma  idoneidade sem limites para a bondade, humildade e espírito de voluntariado e de sacrifício. Neste domínio concreto, há excepções que não confirmam a regra e há regras que não corroboram as excepções!

De acordo com diversos estudos sociológicos, o marianismo vê-se como uma doutrina secular e diz respeito ao conjunto de crenças e de práticas concretas que determinam a posição das mulheres na sociedade. De todo o modo, o marianismo estando, directamente, relacionado com a ideologia ou fundamento religioso, omite, em grande medida, os direitos da mulher. A tentativa de extremar uma doutrina ou movimento transcendental torna-se, no meu ver, discriminatória quando comparada ao papel ou praxis da mulher na sociedade.

Vejam-se algumas normas contraditórias que fundamentam a desigualdade social e de género:
• Papéis que desfavorecem o género feminino;
• Normalizações e representações da sexualidade que desfavorecem a mulher;
• Expectativa conjugal e familiar que não corresponde aos iguais deveres e direitos entre os géneros (por exemplo: violência intrafamiliar);
• Esfera do trabalho, do emprego e do “lar doméstico” que desfavorecem a mulher, frequentemente;
• entre outros.

Ana Ferreira