A autora do blogue ‘
Diário de voo de butterfly’, Elisabeth Butterfly, decidiu contestar a minha posição abolicionista em relação à prostituição manifesta no texto – “
Legalizar ou não a prostituição?”. Desde o início da “saga” – como ela própria designou – Butterfly mostrou insistência, por vezes redundância, malabarismo com as palavras, criando um discurso com pouco sumo. Mas, o que me instigou a expor o caso n’
O Mal da Indiferença reside no facto de a caríssima Butterfly
CENSURAR o meu último comentário por motivos absolutamente ridículos. Com efeito, a autora – que chegou a catalogar o debate de “monólogo” – achou que o tema já se tinha alongado demasiadamente e, num acto de inteligência, recusou a publicação das minhas objecções, ou seja, silenciou a minha voz! Com claras pretensões de monopolizar o debate e instituir uma voz única no seu blogue, Butterfly escreve, escreve e escreve sobre o tema, menciona o meu nome; porém, sonegou o meu comentário. Naturalmente, não poderia ser conivente com esta acção puramente despótica por parte da (censora) Butterfly, pelo que, fazendo uso dos meus direitos, aqui está publicado o comentário que a caríssima Butterfly censurou.
Cara B.,
Mais uma vez não poderia ficar indiferente às suas intervenções (rebuscadas, por sinal!) e omitir a minha posição acerca de dois pontos essenciais: feminismo e, claro, prostituição.
Em primeiro lugar, tenho a lamentar a sua pobre deturpação do verdadeiro conceito/essência do Feminismo. Diz-se “defensora da condição feminina”, mas repudia o feminismo, catalogando-o de “sectarista, sexista, separatista”. Ora, cara B., deveria estudar melhor a lição; sei lá, talvez consultar um dicionário. Rápida e facilmente verificaria que o feminismo é “tão-só” um movimento social que pugna pela Igualdade de Género, ou seja, pela eliminação de atitudes e comportamentos discriminatórios. Se se dedicar à questão com um pouquinho de afinco, vai constatar que o paralelismo que estabelece entre feminismo e machismo é absolutamente despropositada, digna de vómito. O machismo enfatiza a hegemonia masculina em detrimento da feminina, instiga à segregação, enaltece a falocracia… Tenho ainda a dizer-lhe que, se não fossem as reivindicações dess@s tais feministas, desses “xenófobos sexuais”, provavelmente não esgrimiríamos, hoje, opiniões acerca do tudo e do nada. Se não fosse o empenho desses parvos – parece-me esta a sua concepção dos apologistas do Feminismo – nós, ambas mulheres, provavelmente já estaríamos casadas, dentro de portas, subjugadas, iletradas, destinadas ao lar e à procriação infinita. Faça-me um favor: antes de exalar tais incongruências, cala-se! Ou então, pesquise, elucide-se e dissipe as noções, essas, sim, empoeiradas e enquadradas numa visão costumeira/ demagogia populista. Mais uma vez provou que as suas asserções não passam de sucessivos e sucessivos enviesamentos. Apologiza a condição feminina e refuta o feminismo? Pura dicotomia…
Em relação à questão da prostituição (ie, penetração sucessiva e avulsa e concretização das fantasias sexuais alheias em troca de dinheiro), tenho inúmeros tópicos a esclarecer. A cara B. – gostaria de tratá-la pelo próprio nome, mas, ao que parece, tem pudor em assumir a sua identidade (ups!) – iniciou esta disputa de opiniões a partir de um texto que escrevi no meu blogue, certo? Certo. Começou esta saga por contestar a minha concepção de prostituição. Relativamente a este tópico, não me vou estender muito mais porque já expus o meu conceito sobejamente. Quer o aceite ou não, é consigo. Mas, o que me intriga fundamente neste momento é o seu turvo ângulo de visão acerca daquilo que escrevo. No meu texto – “Legalizar ou não a prostituição?” – a minha visão analítica/crítica focalizou-se na prostituição (interior e de rua). Na prostituição de interior integram-se nomeadamente as call-girls e as acompanhantes (escorting). E, corroborando as linhas de um livro que me serviu de estudo há algum tempo – ‘The Prostitution of Women and Girls’ – no serviço de acompanhamento, a mulher (ou homem) encontra-se com o cliente na sua casa, hotéis para massagens, companhia ou serviços sexuais, como deve saber. Não deprecio @s acompanhantes, sei bem que nem tod@s estabelecem relações sexuais com os seus clientes (aliás, nunca mencionei isso, nem sequer pensei!); apenas lamento e não aceito quando muit@s del@s recebem dinheiro em troca de sexo. Porque, como sabe, sou contra a prostituição e, ao que parece, você também! Clarificando: a crítica do meu texto dirigiu-se à prostituição e não aos verdadeiros trabalhadores sexuais: stripteasers, massagistas eróticas, alternadeiras, operadoras de linhas telefónicas eróticas, dominadoras, … somente à prostituição, (na minha concepção, claro!). Compreendeu agora? E ainda como medida de combate à PROSTITUIÇÃO, sugiro a criminalização do proxenetismo (que já existe em Portugal, desde 1983, mas que na prática reduz a nada!) e dos clientes (ie, compradores de sexo). Pois, secundando-a, “a prostituição é um facto, existe, é trágica e não tem cor”. Já, agora, o que você sugere já que recusa a “prostituição por razões obvias”?
Adenda 1: em relação ao seu apontamento – “o que lhe falta é uma experiência mais transversal em termos académicos, que inclua a Antropologia, a Sociologia e, fundamentalmente, a Psicologia” – digo-lhe que tenho em abundância estas ciências!
Atenciosamente,
Anabela Santos
Anabela Santos