“Ela viveram a humilhação de não serem homens, de usar o véu, esta prisão ambulante como um estigma , como a estrela amarela da condição feminina”.
Chahdortt Djavann “ Bas les voiles”
“ Parem de julgar, desliguem a televisão, e vamos iniciar o diálogo”.
Ismahane Chouder, Malika Latrèche
A questão do uso do véu levanta as mais fervorosas opiniões e cria a discórdia entre todas as partes interessadas. Se para uns refere-se a um debate político para outros levanta questões religiosas, para outros ainda engloba a temática dos direitos da mulher.
O véu apresenta-se para muitos como um sinal de submissão e opressão para a mulher, n’ outra perspectiva é precisamente o contrário. O véu quase se apresenta como uma “ nova moda”, onde muitas mulheres acreditam ser uma forma de liberdade, um direito, um marco da sua identidade.
A autora Chahdortt Djavann no seu manifesto “ Bas les voiles” questiona que o véu seja simplesmente para as mulheres e não para os homens. Assim a autora pergunta se aquilo que escondemos não é aquilo de que temos vergonha.
A mulher “ … é o objecto potencial do delito …. O objecto potencial da violação, do pecado, do incesto e mesmo do roubo porque os homens podem lhes roubar a sua vergonha num simples olhar …. Uma rapariga é uma ameaça permanente para os dogmas e a moral islâmica”. Chahdortt Djavann que viveu dez anos por detrás do véu acredita que é muito mais do que um símbolo religioso e que difere muito d’outros símbolos como uma cruz por exemplo. Para ela enfatiza a “ separação radical entre o espaço feminino e o masculino”.
Assim na sua perspectiva o que define a honra dos Muçulmanos pai, marido e irmão depende do grau de vergonha e pudor da mulher. Nesta óptica a polémica do véu abrange questões mais amplas do que a própria laicidade à qual é muitas vezes associada. A proibição do uso do véu seria “ em nome dos direitos do homem e em nome da protecção de menores”.