Mais de metade das crianças vítimas de agressão sexual em meio familiar são abusadas pelo pai ou pelo padrasto, revela um estudo realizado por Francisco Taveira, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
Os dados recolhidos na delegação norte do Instituto de Medicina Legal, entre 1997 e 2004, indicam que 45 por cento das crianças foram abusadas pelo pai e seis por cento pelo padrasto.
Coordenada por Teresa Magalhães, directora do Instituto de Medicina Legal do Porto, esta investigação teve como objectivo caracterizar o abuso sexual de crianças e jovens no contexto intra e extrafamiliar, de forma a estabelecer as diferenças existentes entre as duas situações. O estudo foi, depois, alargado até 2007, mas os dados obtidos não revelaram “diferenças substanciais”, segundo os seus autores.
Apesar dos números definitivos ainda não estarem disponíveis, Teresa Magalhães disse à agência noticiosa Lusa existir “um ligeiro aumento” dos casos intrafamiliares de agressão sexual contra menores, mas a diferença é “pouco significativa”.
“O facto de termos registado um ligeiro aumento não significa necessariamente que este crime esteja a aumentar; pelo contrário, penso que significa que é um crime que se está a tornar mais visível, o que poderá até ser entendido como um indicador positivo”, notou a responsável do Instituto de Medicina Legal do Porto.
Os autores da referida investigação consideram que “uma melhor compreensão das características dos diferentes tipos de abuso permite melhorar a detecção dos casos e encaminhar, tratar e proteger as vítimas de forma mais adequada”.