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Category Archives: Turismo sexual

A reportagem “Crianças, vendem-se” foi emitida, ontem, pela SIC. De seguida, seguem as observações da jornalista, Isabel Nery, que esteve num dos países com maior incidência de exploração sexual de menores, o Brasil. Uma grande reportagem que se demarca pela qualidade e rigor, disponível agora AQUI

“O Brasil é um dos destinos preferidos dos turistas sexuais. Portugueses, espanhóis e italianos são os principais consumidores de sexo fácil e barato com mulheres, mas também com crianças e adolescentes brasileiras. Para entrar na rota da exploração sexual infantil, que vitima dois milhões de crianças em todo o mundo, os repórteres da SIC e da revista VISÃO estiveram em Salvador, Porto Seguro e Fortaleza. Encontraram miséria, droga, corrupção e prostituição. Encontraram infâncias roubadas.

Ao primeiro dia, vi pobreza, rios de esgoto a atravessar barracas, gente que se fecha em casa com medo das armas dos traficantes de droga.

Exploração. Ao segundo dia, ouvi gente que trabalha sobre a exploração sexual infantil há muitos anos e me alertou: “Aponta-se o dedo ao turista sexual, mas isso é só a ponta do icebergue. Elas vendem-se porque têm fome. Os pais abusam, empurram. As mães fecham os olhos porque precisam do dinheiro.”

Direitos da criança. Ao terceiro dia, registei a revolta de uma assistente social. Contou-me que, há seis anos, em Salvador, o recepcionista de um hotel de cinco estrelas chamava uma mãe para deixar um bebé de oito meses no quarto dos turistas que o “encomendavam”. A mãe voltava à hora marcada para recolher o bebé e o dinheiro. Até ao cliente seguinte.

Tráfico de seres humanos. Ao quarto dia, encontrei uma mulher de olhar confuso, que recorria à mãe para confirmar a sua própria idade. Queria tanto fugir à pobreza da sua aldeia que, com 17 anos, aceitou que um suíço, 30 anos mais velho, a levasse para a Europa. Foi drogada, pontapeada, queimada. Não podia sair de casa sozinha. Mesmo assim não se considerava escrava. Antes presa numa casa rica, do que livre para a miséria. Parece uma opção. Mas é só a história de quem não tem opção.

Machismo. Ao quinto dia, esperei pelo relato do repórter de imagem da SIC, Jorge Pelicano, sobre o resultado do seu “disfarce” como turista sexual. Um taxista garantiu-lhe que arranjaria uma adolescente. “É fácil.” Mas, pior do que isso, confessou, orgulhoso, que há pouco tempo tinha “transado” com uma. Ela não tinha dinheiro para pagar a viagem. Ele cobrou-se como melhor lhe convinha: “Menina novinha é bom demais.” Para ele. E para ela? Não importa.

Culpa. Ao sexto dia, entrevistei adolescentes que tinham os braços todos cortados. Vítimas de exploração sexual desde crianças, automutilavam-se. Alguns cortes marcavam os pulsos. Perguntei se não tinham medo de morrer: “Não importa. São trinta minutos de alívio. Quanto mais sangue sair, melhor me sinto a seguir”, respondeu uma delas.

Abandono familiar. Ao sétimo dia, perguntei a uma jovem abusada pelo pai desde os 7 anos e explorada por pedófilos se não queria ter filhos. Respondeu que não, “porque não”, e pregou os olhos no chão. Quando se confessou incapaz de dizer “não” a homem algum, porque tinha medo de “apanhar”, como acontecia com o pai, foi a minha vez de pregar os olhos no chão. Estava a tornar-se cada vez mais difícil entrar na alma destas miúdas e sair ilesa.

Droga. Ao oitavo dia, fitei o olhar de um menino de rua na noite de Fortaleza. Ele correspondeu. Tinha 6, 7, 8 anos, no máximo. A pele estava esticada, à volta dos olhos havia rugas – um olhar de criança em rosto de velho. Era já madrugada e ele andava pelas mesas dos bares de prostituição a apanhar as latas vazias para poder fumar crack.

Emocionalmente, a minha reportagem acabou aqui. Já tinha visto todo o mal que o mundo tem para oferecer às crianças. Um mundo localizado num destino de férias paradisíaco, onde milhares de portugueses gostam de passar férias. Alguns não vão só à procura de belas praias. Cada minuto do seu prazer ficou marcado nos braços das minhas entrevistadas.”

Jornalista: Isabel Nery
Imagem: Jorge Pelicano
Edição de Imagem: Paulo Tavares
Grafismo: Hélder Ferreira
Produção: Isabel Mendonça; João Nuno Assunção
Coordenação: Cândida Pinto
Direcção: Alcides Vieira

 

O turismo sexual de menores intensifica-se, pulula e converte milhares de crianças em meros instrumentos sexuais.

As novas formas de comunicação e as viagens low-cost favorecem a expansão da procura, a qual se compõe maioritariamente de homens jovens, provenientes dos países mais desenvolvidos. A ECPAT International admite existir três categorias de clientes: o circunstancial (estabelece relações com uma criança por curiosidade), o pedófilo (tem uma inclinação sexual só por crianças) e o preferencial (tem preferência por relações sexuais com crianças). 

Por outro lado, o abandono e a pobreza são factores que contribuem para o empolamento da oferta. O Quénia, Colômbia, Camboja, Mongólia e Estónia transformam-se crescentemente em pólos germinadores de turismo sexual de menores. As vítimas são cada vez mais jovens! Desprovidas de qualquer apoio, são violentadas psicológica, física e sexualmente. São estigmatizadas nas suas comunidades, estão vulneráveis às DST’s, têm dificuldades em aceder ao sistema de ensino. Sentem-se inibidas, culpadas, entram em depressão, o que resulta por vezes em suicídios.

A expansão do turismo sexual infantil conta com a conivência de agências de viagens, companhias aéreas, hotéis, prostíbulos, angariadores locais, etc.

Quando se reforça o combate à exploração sexual de menores num determinado país, os clientes escolhem os países adjacentes para dar azo às suas ‘aventuras’ (leia-se: crimes). O aumento da incidência do turismo sexual de menores no Camboja, país vizinho da ‘clássica’ Tailândia, é exemplo disso mesmo. Estas movimentações redundam no empolamento do tráfico de crianças.   

De acordo com ECPAT International, verifica-se a “existência de uma relação entre o tráfico de menores e o turismo sexual infantil, já que as crianças objecto de tráfico estão particularmente mais vulneráveis, são retirados da sua comunidade, do seu contexto cultural e têm um estatuto legal muito frágil que força inclusivamente mais a sua dependência em relação àqueles que beneficiam com a sua exploração”.

Sensibilizar, supervisionar, combater, erradicar: passos cruciais para a libertação de milhares de crianças das cadeias da exploração sexual. Nenhuma criança é uma atracção turística!

Mais informações, AQUI!

Anabela Santos

I Viaggi: le agenzie vendono pacchetti normali “puliti”, non sono così stupide da trasgredire la legge. I clienti sanno come lo sanno le agenzie cosa si incontra in certi luoghi piùttosto che in altri. Qui ci vorrebbe più serietà da parte di tutti coloro che operano nel settore turistico, ci vorrebbe più informazione ed anche più repressione. Fare capire a queste persone che abusare di un minore si corrono rischi pesanti e che la pena non si condona dopo poco tempo, si resta in galera!
Su come funziona il meccanismo consiglio di leggere bene la pagina dell’osservatorio sul turismo sessuale minorile in brasile che si trova sul Osservatorio.
Sostenere economicamente questa iniziativa è importante. Si da la possibilità ad associazioni brasiliane di fare informazione, denunce di situazioni orrende. Si da la possibilità ad associazioni italo-brasiliane di sostenere progetti di prevenzione e accoglienza.
Con poco si può fare tanto e molti possono fare poco. Poi se ne deve parlare di più nelle scuole, nelle famiglie. Non possiamo più considerare una normalità lo sfruttamento dei minori nel turismo sessuale!
Dobbiamo riconoscere che in ogni parte del mondo le persone sono uguali con gli stessi doveri e gli stessi diritti e che questi ultimi non possono essere calpestati per un proprio piacere personale. Dobbiamo lasciare ai bimbi e ai ragazzi il diritto di sognare, il diritto a giocare, ad avere una vità degna di un essere umano. Dobbiamo fare tutto quello che possiamo per parlare con chi ha problemi di relazionamento nei nostri ambienti di lavoro, di scuola ecc.
Un mondo diverso è veramente possibile solo se ognuno di noi lo costruisce!
Grazie per tutto quello che farete per sostenere questo nostro impegno. Sul sito della campagna trovate il nostro conto corrente bancario. Abbiamo bisogno di tutti voi.
Di Luca Mucci, Italia
Il turismo sessuale minorile lo praticano persone di ogni ceto e appartenenza. Non c’è una categoria standard, c’è chi ha famiglia regolare e chi no. Ci sono giovani, adulti, anziani. È ora di smetterla di vedere sulle spiagge tropicali uomini maturi di 50-60-70 anni mano nella mano con ragazzine di 15-16 anni. Non deve più esistere!É una vergogna sapere e non fare niente per migliorare.
In Italia come in altri paesi, purtroppo manca una seria e vera educazione sessuale. Nelle famiglie spesso parlare di sesso è ancora un Tabu, un argomento da non porre in discussione se non di nascosto, come che la sessualità non facesse parte della nostra personalità. La scuola in questo è molto arrettrata.Cosi come anche la giustizia deve ancora fare passi avanti nella società in genere se ne deve parlare di più e meglio e non liquidare la cosa con una risatina. Le donne vanno aiutate ad avere più coraggio nelle denunce anche quelle dentro le mura domestiche. Certo è un problema complesso, delicato ma va affrontato.
Purtroppo in molte zone del Brasile ma anche in altri paesi, questo tipo di turismo aiuta l’ economia locale ma non è tollerabile che l’interesse economico prevalga e calpesti i diritti fondamentali delle persone, delle donne, delle ragazze e dei minori. Lasciamo in pace i bambini, lasciamo che possano avere una vità dignitosa con i loro sogni.
Di Luca Mucci, Italia
[I turisti] non sono uomini, o meglio sono poveri uomini, la vergogna non sanno cosa sia, sanno bene come vivono queste ragazze, le loro condizioni sociali ecc. Spesso poi credono di dare loro una mano dandogli soldi. Sono uomini con un sacco di problemi di relazione con l’altro sesso. Cercano donne che stiano sottomesse, non vogliono un rapporto alla pari, non riconoscono la parità tra uomo e donna, la complicità nel rapporto non sanno cosa sia. Molti si illudono che le ragazzine vedano in loro dei principi azzurri, non si accorgono che lo fanno solo per soldi, per vivere. Non vogliono capire che dietro a una ragazzina spesso c’è una storia di una persona, le vedono come merce, come roba da comprare. Chi parte con questi viaggi sa già cosa vuole evadere dalla propria vità dalla normalità di tutti i giorni se ne frega delle storie delle persone che incontra non si fa scrupoli se la ragazza ha 20 anni o ne ha 13.

Come cittadino italiano provo vergogna e così dovrebbero fare tutti i cittadini civili europei compreso i portoghesi invece il turismo sessuale con minori e non solo. È sempre più una moda, una cosa “normale”. È assurdo che tutto questo succeda e pochi si interessino. Non deve restare un problema di cui si interessano solo gli addetti ai lavori. È un problema di tutti.Solo in Brasile sono sfruttati sessualmente circa 500.000 minori come in Thailandia ed in altri paesi. Se in Italia o in Europa un adulto abusa di un minorenne giustamente almeno in apparenza se ne interessano in tanti o quasi tutti. Solo perchè le sfruttate in questo caso sono nel sud del mondo pochi si interessano. Questo mi fa dire che ci sono ragazze di serie A e ragazze di serie Z. Un paese civile ripeto non permette che una parte dei propri cittadini vadano in giro per il mondo a sfruttare come che niente fosse.

In una parte del nostro paese [Italia] ed anche in altre zone dell’Europa non viene accettata la parità tra uomo e donna, dobbiamo impegnarci di più in questo.

Di Luca Mucci, Italia
Di Luca Mucci, coordinatore delle campagna italiana contro il turismo sessuale minorale in Brasile -“Stop child sexual tourism”-, che ha accettato di partecipare nell’ O Mal da Indiferença.
Carissime amiche e amici, sono 16 anni che percorro in lungo e in largo il Brasile sostenendo il lavoro di una cinquatina di associazioni brasiliane e costruendo case per ragazzi, centri per bambini, centri sportivi, tutto questo ovviamente con il sostegno della Associazione Modena Terzo Mondo fondata da me insieme ad altri amici 15 anni fa. Proprio perchè sostengo tante case per ragazze e ragazzi, e dopo la morte di una ragazzina di 14 anni Alexandra per AIDS è venuta l’idea della campagna italiana contro il turismo sessuale minorile. Sono stanco di vedere decine di migliaia di miei connazionali ed europei, anche tantissimi portoghesi, che per soddisfare le proprie voglie vengono qui [Brasile] a sfruttare queste povere ragazze e ragazzi. Come sono stanco che l’opinione pubblica si interessi poco di questo fenomeno di questo reato, che solo perchè succede lontano dai nostri paesi è considerato non grave. Ma la cosa che mi indigna di più e che ormai il turismo sessuale è considerato una moda, una normalita. É ora di dire basta!

La vità delle ragazzine è un inferno. La prima violenza spesso succede tra le mura di casa: i padastri, i fratellastri, gli zii sono quelli che abusano spesso di loro. Per questo poi preferiscono la strada alla loro casa, quando cominciano poi è difficile smettere. La società non offre alternative serie per loro, la miseria spinge a fare di tutto pur di vivere in modo dignitoso. I turisti poi gli fanno credere di avere trovato un amore vero, le trattano come principesse, le illudono, le sfruttano, le costringono a fare di tutto pur di soddisfare i loro desideri ad usare droghe, a ubriacarsi, a farlo senza protezione nei modi più indecenti e dopo che fai questa vità di merda per alcuni anni sei distrutta. Le ragazzine che cominciano a 10-11 anni per una cena in un ristorante che per loro prima era un sogno o per un bel vestito comprato in un centro commerciale per loro proibitivo, tutto questo fa si che non abbiano la fortuna e il diritto di vivere quel periodo che è l’ adolescenza ma le trasforma subito e nel modo più orrendo in donne adulte, spesso diventano bimbe-mamme. Si parla di ragazzine o meglio di bimbe di 10-11 anni fino a 16-17 anni, bimbe che a volte hanno un corpo di donna ma sono e restano bimbe con i loro sogni, con le loro speranze. E non oggetti, merce, cose, da comprare.

“I just get turned on very much by Orientals. They’re completely different. You… take a girl from a bar, and it might be eleven or twelve at night, and you have a shower and get in bed and have sex, and then most guys go sleep till next morning. Then they’ll have a bit more in the morning and then she’ll go. I’ve had them in the morning tidy up the room, fold me clothes up, even wash me socks, stuff like that. I was quite amazed to see it. I think they might’ve been after an extra tip on top.
You should never fall in love, or you’ll be heartbroken when you leave. They might be heartbroken too. Because quite a few of them have got cuts on their arms here. They cut themselves with a knife. They get drunk and just slash themselves. I find that terrible. When I see a girl, when I’m looking to buy her, I always look at her arms to see what she’s been doing to herself”. [
Bert – turista inglês na Tailândia]
A facilidade com que estes indivíduos manifestam a sua necessidade de comprar os corpos vulneráveis de milhares de crianças é, absolutamente, impressionante. Desejam obter momentos de prazer e jamais questionam o facto de aquela criança permanecer num universo tão obscuro: o da prostituição. O egoísmo e o desdém suplantam-se a qualquer tentativa de ajuda ou manifestação altruísta.
A minha crença no seu humano começa a desvanecer-se perante comportamentos tão execráveis e cruéis, dos quais o Turismo sexual é o mais perfeito exemplo!
Anabela Santos

 

O turismo sexual envolve todos os indivíduos que viajam para o estrangeiro, com o intuito de se relacionarem sexualmente com desconhecidos.
O fenómeno já é execrável, mas repugna ainda mais quando a procura incide exclusivamente em crianças. Desprovidas de qualquer mecanismo de protecção e auto-defesa, encetam-se num mercado no qual o seu corpo, indissociável dos pensamentos e emoções, é vendido e comprado como uma mera mercadoria. As crianças em situação de risco, ou seja, mais susceptíveis de serem vitimadas provêm das famílias com escassos ou inexistentes recursos financeiros, pelo que o principal factor que a compele a prostituir-se é a pobreza. Este tipo de núcleos familiares constitui o alvo preferencial daqueles que beneficiam com a prostituição de menores. Por vezes, os responsáveis por este crime são as próprias famílias, que encontram na prostituição da criança uma forma de subsistência. Para além deste factor, emergem outros não menos ignóbeis, a saber, a Internet, uma fonte de informação que delimita as áreas que privilegiam o turismo sexual de menores; e a discriminação de género (assevere-se que as crianças integradas no circuito são, maioritariamente, do sexo feminino), entre outros.
Os pontos geográficos que se destacam pela predominância desta actividade criminosa são a Ásia (Tailândia, Índia e Filipinas) e o centro e sul do continente americano, áreas económica e socialmente vulneráveis.
“On this trip, I’ve had sex with a 14 year-old girl in Mexico and a 15 year-old in Colombia. I’m helping them financially. If they don’t have sex with me, they may not have enough food. If someone has a problem with me doing this, let UNICEF feed them.” [cliente anónimo]
“I’m helping them financially”?!! É uma forma de analisar os factos, absolutamente triste e inaceitável. Seguindo a lógica de pensamento, pagar para ter relações sexuais com uma criança será um gesto de benevolência, não? Olvidam que, participando neste tipo de negócio enquanto consumidores, maculam vidas de inocentes, irreversivelmente.
Anabela Santos