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Category Archives: Outros

Mais de 50 por cento das meninas casam-se antes dos 18 anos
Nojood, 10 anos, divorciou-se e agora é Woman of the Year 2008
14.11.2008 – 08h44 Margarida Santos Lopes

248357A revista Glamour descreveu-a como “a mais célebre divorciada” do mundo, mas não foi por isso que a distinguiu, esta semana, como uma das dez Women of the Year 2008. Nojood Mohammed Ali, de dez anos, viajou de Sanaa, capital do Iémen, até Nova Iorque, para partilhar o prémio com Hillary Clinton, Condoleezza Rice ou Nicole Kidman por ter aberto o caminho às meninas que querem libertar-se de casamentos forçados.

Quando pisou o palco do Carnegie Hall, no dia 10, acompanhada da sua advogada Shada Nasser (também ela premiada), Nojood Ali irradiava luz, com uma túnica tradicional violeta e uma bandelette amarela a segurar longos cabelos negros. Impressionou pela timidez e valentia que fizeram dela a mais jovem receptora deste galardão, que há 19 anos é atribuído.

“Mal posso esperar conhecê-la, vai ser muito inspirador falar com ela. Que história incrível”, disse Rice. A senadora Clinton exclamou: “Ela é exemplo de coragem. Uma das mulheres mais extraordinárias que eu já conheci.”

Os elogios agradaram a Nojood, mas do que ela mais gostou, segundo o New York Daily News, foi de uma visita ao Museu de História Natural, de um passeio no Central Park e de um cruzeiro no rio. Tudo tão diferente do bairro com esgotos a céu aberto e do casebre onde vivem o pai, a mãe, a madrasta e 15 irmãos.

O drama de Nojood começou quando o pai, um desempregado que antes recolhia lixo nas ruas, quebrou a promessa de não a retirar da escola para lhe arranjar um marido, como fez a outras irmãs. Ela frequentava a segunda classe e adorava estudar Matemática e o Corão. Ele foi buscá-la para a entregar a um homem de 30 anos, o carteiro Faiz Ali Thamer.

No dia do casamento, confiante num alegado compromisso de que a união não seria consumada antes de ela “ser adulta”, a menina ficou fascinada com o dote: três vestidos, um perfume, duas escovas do cabelo, dois hijab (véu islâmico) e um anel cujo preço equivalia a 20 dólares. Este foi logo vendido por Thamer, que comprou roupas para si. A partir dali, a vida da recém-casada só piorou.

“Eu corria de sala em sala para tentar fugir, mas ele acabava sempre por me apanhar”, revelou Nojood ao jornal Yemen Times. “Chorei tanto, mas ninguém me ouvia. Sempre que eu queria brincar no pátio, ele vinha, batia-me e obrigava-me a ir para o quarto com ele. E se seu pedia misericórdia ainda batia e abusava mais de mim. Eu só queria ter uma vida respeitável. Um dia fugi.”

E esse dia foi 2 de Abril deste ano, dois meses após o casamento. Sob o pretexto de ir visitar a sua irmã favorita, Haifa (que aos nove anos vende pastilhas na rua), seguiu o conselho da “tia” (a segunda mulher do pai) e foi procurar justiça. Esta mendiga que ocupa um quarto com os seus cinco filhos foi a única que a tentou ajudar.

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Definição. A Linha SOS Voz Amiga, foi criado em 1978 pela Liga Portuguesa de Higiene Mental, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que lhe dá suporte legal.

Enquadramento. Foi o primeiro telefone de ajuda, na área da prevenção do suicídio, que surgiu em Portugal, 35 anos depois de um sacerdote inglês, Chad Varah, ter dado início a esta forma de ajuda, colocando o seu telefone ao dispor de pessoas em risco de suicídio e anunciando-o nos jornais.

Público-alvo. É uma linha telefónica de emergência, destinada a pessoas em sofrimento, como forma de prevenir o suicídio. É assegurado exclusivamente por voluntários, que recebem formação prévia de profissionais experientes na área da Saúde Mental e se mantêm num sistema de formação contínua.

Principais Objectivos. 1. Partilhar os problemas com alguém desconhecido, que não julga, mas ouve e se sente nesse momento responsável pelo outro, tentando devolver-lhe a confiança em si próprio. 2. Relatar situações de sofrimento pessoal sem constrangimentos de ordem moral, sexual, religiosa ou política. 3. Encontrar pessoas que aceitam falar das ideias de morte, permitindo eventualmente afastar a ideia de suicídio. 4. Conversar com alguém que se interesse pelos seus problemas e angústias.

Grupo de ajuda. No Centro SOS – Voz Amiga a ajuda é prestada por um conjunto de pessoas – os voluntários – mulheres e homens de todas as idades, crenças, estratos sociais, culturais, económicos e profissionais que, sem qualquer remuneração, fazem um trabalho especializado de relação de ajuda não profissional, embora com formação inicial e contínua e o apoio e supervisão de técnicos da área da saúde mental.

Entrevista:

1) Qual(ais) a(s) actividade(s) desenvolvida(s) pela Voz Amiga?
O Centro SOS-Voz Amiga é um serviço de ajuda em situações agudas de sofrimento causadas pela Solidão, Ansiedade, Angústia, Depressão e Risco de Suicídio.

2) A SOS Voz Amiga diz respeito a uma linha de aconselhamento momentâneo ou uma linha de continuidade (uma linha que acompanha o mesmo problema, com os mesmos agentes)?
É uma linha de ajuda pontual. Mas não nos consideramos uma linha de aconselhamento.

3) Por norma, que tipo de situações ou problemáticas são apresentadas pelo(a)s cidadãos ou cidadãs, aquando de uma abordagem aos vossos serviços?
Perfil dos problemas mais apresentados:
• Relações humanas: conjugais, div, familiares, sentimentais, afectivos: ano de 2003 – 1362 efectivos e ano de 2007 – 1165 efectivos.
• Solidão, medo, questões éticas e morais: ano de 2003 – 1857 efectivos e ano de 2007 – 1183 efectivos.
• Doenças psicológicas, físicas, dependências: ano de 2003 – 1800 efectivos e ano de 2007 – 1451 efectivos.
• Suicídio, pensamento, tentativa: ano de 2003 – 227 efectivos e ano de 2007- 260 efectivos.

4) Consideram que o vosso desempenho segue a linha da defesa e promoção dos “direitos humanos”? Em que sentidos?
Em tese todos os indivíduos têm direito a uma vida saudável e a ser felizes, sendo que a OMS considera saúde como um conceito abrangente que engloba o bem-estar físico, mental e social. Nessa medida, o SOS – Voz Amiga prossegue a defesa e promoção dos direitos humanos de cada apelante, não sendo esse, contudo, o princípio subjacente à sua missão.

5) Por norma, que tipo de apoio é prestado a um cidadão ou a uma cidadã, depois de um telefonema, independentemente do problema em causa?
Acabado o telefonema, não há da nossa parte qualquer tipo de apoio. O nosso trabalho é realizado exclusivamente ao telefone enquanto dura o telefonema do apelante.

6) Aquando de uma orientação dada pelos vossos serviços, a maneira como homens e mulheres reagem à mesma é distinta ou equivalente? Isto é, a variável “género” pode ser uma condicionante para a reacção ao problema posto em causa?
Como explicado acima, não damos orientações. O que talvez possamos dizer, a este propósito, é que as mulheres recorrem mais a este tipo de ajuda do que os homens, como, aliás,  se depreende dos dados estatísticos anexos. Por outro lado, constata-se que existe um maior número de suicídios no género masculino que no feminino.

7) É relevante dizer-se que o trabalho desenvolvido pelos vossos serviços contribui, grandemente, para a manutenção da ordem social e individual, da coesão social e individual e para a tentativa de equilíbrio de os desvios sentimentais, mentais, psíquicos e outros que fazem parte do ciclo de vida?
A coesão interior de cada indivíduo em dificuldade é o nosso principal objectivo e a coesão social começa em cada um de nós individualmente. O que podemos dizer é que tentamos contribuir para a ordem e equilibro individual de quem nos telefona, tentando atenuar os desvios de qualquer ordem na medida do possível. Mas, sobretudo, esforçamo-nos por perceber o seu sofrimento e tentamos passar essa mensagem: “estamos ali para partilhar com aquela pessoa o sofrimento em que está mergulhado”. Se isso lhe trouxer alívio e maior harmonia, tanto melhor, daremos o nosso objectivo por atingido.

8) O meio social de origem, as relações familiares passados ou presentes, o maior ou menor fechamento social, entre outros factores, são determinantes ou influentes na maneira como cada actor social enfrenta o seu problema. Concordam com esta ideia? Se sim, como a explicam, recorrendo à vossa experiência na Voz Amiga? O SOS – Voz Amiga não nos dá uma visão diferente da sociedade e das pessoas em geral, apenas nos põe mais em contacto com pessoas que num dado momento se sentem fragilizadas, qualquer que seja o motivo. É evidente que a afirmação contida nesta pergunta é verdadeira (todos nós somos “nós e a nossa circunstância”), contudo, esquece um factor da maior importância: a saúde e as condições de ordem estritamente bio-fisiológica de cada um.

9)  Actualmente, fala-se de uma sociedade desarticulada de valores, princípios, regras, de traços culturais que as caracterizam; de uma sociedade atrofiada em matéria de “normas”. Acham que este atrofio social, baseado na quebra de regras, poderá ser uma das causas ou agravantes da debilidade psíquica, física e de outra natureza e, nos limites, de estados anómicos como o suicídio? De que forma?
No SOS – Voz Amiga não estamos preocupados com as causas, nem tomamos partido por esta ou aquela explicação qualquer que seja o tema em debate. O cerne da nossa missão é o sofrimento de quem nos telefona, pelo que “a sociedade” para o nosso trabalho é uma entidade inexistente. As razões que levam aquela pessoa a telefonar não nos interessam: apenas está a sofrer e vem partilhar connosco a sua dor que nós, de alguma forma, tentamos aliviar.  Nem sequer nos atrevemos a catalogar o suicídio como um estado anómico ou não. Se fizéssemos juízos de valor, não estaríamos disponíveis para nos solidarizarmos com a dor de qualquer pessoa que pensasse de modo diferente do nosso. 

Entrevista realizada por: Ana Ferreira

Um bem – haja a toda a equipa da Voz Amiga. Mais informações: AQUI!

 

Milhares de animais são capturados e submetidos a condições inenarráveis por causa das suas peles. Investigações levadas a cabo pela PETA deslindaram uma realidade assaz pungente: animais violentados e queimados – com graves lesões e sem assistência médica – e subnutridos.

Num universo de pura crueldade, emerge progressivamente um novo método de matança: a electrocussão dos genitais dos animais. Para a bióloga Leslie Gerstenfeld-Press, a corrente eléctrica causa uma intensa dor muscular e paralisa o animal. Contudo, pode não provocar a morte imediata do animal e este continuar consciente. Por consequência, muitos ainda estão vivos quando lhes são retiradas as peles!  

A petição da PETA contra esta barbaridade já está disponível online AQUI!

Para mais informações, acede AQUI!

Anabela Santos

“Parecem mulheres comuns e não as que se assumem aos olhos do Vaticano. As quatro [mulheres] preparam-se para ser sacerdotes na região da Arquidiocese de Boston (EUA).

Mary Ann Schoetly (candidata ao sacerdócio): “Enquanto a Igreja não reconhecer a igualdade total das mulheres, a igualdade total das mulheres na Terra não é reconhecida.”

Gabriela Valardi Wa (candidata ao sacerdócio): “Lembro-me, quando tinha cinco anos, dizer à minha irmã que queria ser padre, quando fosse grande. Ela disse – “Não podes, porque és menina.”

Glória Carpenato (candidata ao sacerdócio): “Muitas de nós trabalhamos como padres há muitos anos. Somos sacerdotes, servimos o povo de Deus. Para isso, não creio que seja uma questão de sexo, na realidade.”

O Vaticano reafirmou esta semana que não reconhece o desempenho por mulheres no papel sacerdotal e avisou que excomungará quem assim se assuma. Um sondagem na  região de Boston mostra que 64% dos católicos inquiridos não vê objecções ao sacerdócio feminino.

Dana Reynolds (sacerdote): “Os sacerdotes e o trabalho que se segue à educação e o que estas mulheres fazem na vida é servir o povo de Deus.”

Gene Marie Marchant (sacerdote): “Julgávamos que a ordenação das mulheres estaria para breve.”

Gene tornou-se há 6 anos a sexagésima mulher ordenada sacerdote na América do Norte.”

Fonte: RTP1

“Dou-te os meus olhos” é um filme do realizador Icír Bollaín. Retratando a problemática da violência doméstica e o que de mais “sensível e complexo” há na mesma, certo é que a história é conduzida pela fuga de Pilar da sua própria casa para a casa da sua irmã, transportando consigo Juan, o filho do casal protagonista. Quando saí de casa, Pilar recomeça a sua vida, essencialmente do ponto de vista profissional, o que atormenta de alguma forma António, seu marido, pois o mesmo declara, entre vários aspectos –  “Sempre tiveste jeito para coisas inúteis”  – ao percepcionar a competência e o bom ambiente laboral em que a vítima estava inserida.

A vítima dedica-se ao trabalho de museu, descrevendo histórica e artisticamente a simbologia de diversos quadros, apelando a grande maioria deles ao simbolismo mitológico e erótico. António de tudo faz para controlar a vítima, ofertando-lhe inclusivé um telefone móvel para puder contornar todos os passos dados pela protagonista, depois de a convencer a voltar para a casa do casal. Pilar cede, de uma forma amarga, mesmo que para ela a componente afectiva não se apagara de forma nenhuma. Ao acreditar no agressor, a vítima dá início a um novo ciclo da violência doméstica: agravamento das discussões e do relacionamento entre o casal, seguindo-se uma fase de autêntica explosão, num terceiro momento a vítima reconcilia-se do agressor (fase da lua-de-mel) e por fim dá-se o reinício da escalada.

Ao longo do desenrolar da história, é notória a necessidade que a vítima tem de obter o consentimento ou a (re)aprovação do agressor para o quer que seja. No limite, ela age por vontade própria. Esta última ideia pode ser exemplificada pelo trecho elucidativo da saída da vítima da casa do casal, no final do filme, sob a protecção da rede de amigas. De qualquer maneira, a vítima vive em constante sobressalto quando saí à rua, com receio que o agressor dificulte os seus passos, a sua caminhada, a sua trajectória, o seu percurso de vida pessoal e profissional. Perseguição essa efectuada por meio de insultos e ordens – “Deixa-te de merdas, anda tomar um café para conversarmos” (trata-se do episódio em que António pressiona com arrogância Pilar a voltar para a casa do casal). O medo de ela estabelecer contacto com o seu marido agrava-se, momento após momento. Mesmo quando está com o filho, num primeiro momento, o agressor usa-o para obter informações a respeito da sua esposa, afirmando “Ela que se deixe de merdas, que venha para casa”. A criança é socializada, desta forma, com os valores do autoritarismo e do “emotivamente mais forte” que sempre caracterizaram o “macho latino”.

Para consolidar a sua estratégia, o agressor oferece, continuadamente, presentes à vítima e ao seu filho, para puder comprar algo que não consegue dar: tranquilidade. No entanto, este estratagema deixa de fazer sentido quando António rasga algumas páginas de um dos livros mais admirados pela vítima, estabelecendo a comparação entre a mulher promíscua que ela é e o simbolismo ou a representação das mulheres nuas nos quadros, tirando-lhe a roupa, despindo-a de um vestido comprado para uma das entrevistas de trabalho em Madrid com vista à promoção na sua carreira profissional e colocando-a nua na varanda da casa, dizendo-lhe que nesse momento ela já podia ser aquilo que desejava, ou seja, mostrar aos outros o seu papel de mulher promíscua. Mais um momento de humilhação, de autêntica submissão.

 Entre dedos de conversa e de sedução, o agressor consegue manipular e assombrar a vítima por todo o lado. Ela ora teme, ora cede. Chega mesmo a manipular a criança que diz ser seu filho, perguntando-lhe “O que é um homem que mente?”, o filho responde “É uma merda”. Mais uma vez, o filho é educado aos valores da manipulação, da malvadez, da dominância. Juan vive com receio, mas sente-se apoiado pela mãe e tia.

Quando decide contar a verdade à sua mãe, Pilar vê-se confrontada com a desconfiança da sua mãe, dizendo-lhe a última “Pilar, uma mulher nunca está bem sozinha.”

Ao longo da terapia feita aos agressores, ouvem-se afirmações de natureza autoritária, entre as mencionadas: “Tenho-lhe dado uns pontapés, mas isso não é nada… Todos os casais têm…”, mais ainda: “Depois de umas belas estaladas, elas afinam logo.” Assim, o agressor manipula a vítima, recorrendo à terapia psicológica. A última não dá frutos, dado que o agressor vê-se defrontado com uma personalidade violenta, agressiva, astuta, controladora.

Ana Ferreira

Alienação ou coesão no futebol foi o tema que esteve na ordem da noite passada, no debate da RTP1 “Prós e Contras”, apresentado pela jornalista Fátima Campos Ferreira.

A alienação é um termo que implica o arrombamento do espírito, a loucura, a perturbação dos indivíduos, já a coesão é a manifestação da harmonia, da coerência, da unificação social. Deste modo, creio que caracterizar um fenómeno por uma dicotomia diferenciada não é a melhor opção. Tal como considerava o sociólogo interveniente neste debate, o futebol é “uma forma de encontro social”, que move as relações sociais, as interacções sociais e, por isso, constitui uma forma de contacto e de exploração da comunicação social e humana, independentemente das classes sociais de pertença.

Seguir o percurso do futebol é, efectivamente, uma opção, não é uma inevitabilidade. Logo, é complexo medir um fenómeno pela “euforia”, pelo fervor, dado que se presenceia um acontecimento, temporariamente. Nem sempre a história vivida é a história contada, ou seja, reforçar a importância deste fenómeno futebolístico, ao ponto de a comparar à história portuguesa passada, à capacidade de descobrir outros mundos, torna-se uma reflexão compulsória.

Não se ganha mais identidade em campo/no terreno por haver uma história de um país, até porque, nos dias que correm, o futebol ganhou marca e reforçou a sua rentabilidade económica, com recurso, a uma identidade simbólica. Assim, a imagem de marca do futebol deriva de uma estratégia conseguida pela área da gestão, do marketing e afins: usar a conquista portuguesa em matéria política, social e histórica, para vender o que o futebol tem de mais lucrativo para si mesmo.

Quanto a isto, tenho a dizer que o histórico tem uma relevância quando contextualizado em território i/emigrante. Ou seja, a luta pelas melhores condições de vida, a luta pela estabilidade e pela procura persistente do território estrangeiro representam por um lado, o que um país, dito nacionalista quando se trata de futebol, não consegue oferecer à sociedade, como é o caso de Portugal e, por outro, a conquista que sempre caracterizou o povo português quando compelido com fenómenos de corrupção, desemprego e marginalização. Em primeiro porque ainda há classes elitistas, mesmo quando criam uma imagem de que o são pelo seu esforço e competência, em segundo porque há desigualdade económica e uma forte segregação social e em terceiro porque baixos estratos sociais são sinónimo de baixo capital social e cultural. Ofegante!

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NÃO SE DEIXEM DESTRUIR!
Era uma boa mãe
mulher atraente,
esposa compreensiva,
politicamente envolvida,
e não descurava a ginástica.
A casa estava limpíssima,
as franjas do tapete perfeitamente penteadas,
havia um cheirinho a pão-fresco e a compota acabada de fazer
– nisto, chegou a ambulância.

Lena Holstein

Fonte: “Na política, as mulheres são capazes!” (2008, 2ª edição), [CIG: Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género]

Geralmente sentem-se felizes, gostam da escola e do bairro onde vivem. Mas quase metade (45,8 por cento) das cinco mil crianças inquiridas em sete concelhos da Grande Lisboa dizem que sentem que a família tem dificuldades financeiras.

Apesar de serem raras as que afirmam que não têm comida em casa quando têm fome (2,4 por cento), só uma pequena parcela (12 por cento) costuma fazer uma refeição completa de sopa, prato e fruta ao jantar. O que, segundo um grupo de investigadores, indicia “potenciais problemas ao nível da dieta alimentar”.

Chama-se “Um olhar sobre a pobreza infantil – Análise das condições de vida das crianças” e é um estudo de Amélia Bastos, Graça Leão Fernandes e José Passos, do Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa, e de Maria João Malho, do Instituto de Apoio à Criança.

Um total de 5161 crianças da Amadora, Cascais, Lisboa, Loures, Odivelas, Oeiras e Sintra foram entrevistadas pessoalmente nos anos lectivos de 2004/2005 e 2005/2006. A média de idades é de nove anos. A amostra é representativa das crianças que, naqueles concelhos, frequentavam os 3.º e 4.º anos do 1.º ciclo do ensino público.

Pouco tempo para os filhos

Aos seus professores foi pedido que validassem os resultados dos inquéritos. Amélia Bastos, uma das autoras – com um doutoramento e vários trabalhos publicados na área da pobreza infantil – diz que não teme que desta validação resulte algum tipo de adulteração das respostas das crianças. Procurou-se antes de mais, dada a faixa etária dos alunos, garantir que alguém que os conhece bem, como o professor do 1.º ciclo, confirmasse algumas informações, explica.

O livro com os resultados do estudo, publicado pela Fundação Económicas (ed. Almedina), vai ser lançado na terça-feira, no ISEG, em Lisboa. E aborda um tema que, segundo Amélia Bastos, “é pouco estudado em Portugal” – onde, segundo o Eurostat, se registam das taxas de pobreza infantil mais elevadas da União Europeia (25 por cento em 2005).

Para os autores, a pobreza não se reduz, contudo, aos rendimentos das famílias, que é o que o Eurostat avalia. Optaram assim por “dar voz às crianças” de forma a detectar, através de inquéritos, a “existência de carências em áreas fulcrais do bem-estar”.

Comer sopa, prato e fruta antes de deitar não é um hábito enraizado entre os inquiridos e seis por cento diz mesmo que o seu jantar costuma ser apenas “sopa e pão” ou então “sopa, pão e fruta”. Para a investigadora, este é um dado preocupante: “Uma refeição completa é o que é considerado essencial para o desenvolvimento da criança, é o que qualquer cantina de escola oferece”.

10% ajudam no trabalho

As carências económicas não explicam tudo. “O que muitas vezes acontece é que famílias que não são consideradas carenciadas têm a sua vida organizada de tal forma que não têm possibilidade de suprir todas as necessidades que a criança tem. Por falta de tempo, de informação e de cuidado.”

Poucas são também as crianças (39,3 por cento) que vão ao médico por rotina – “Significa que não vão lá para aquelas consultas próprias de crianças desta idade, ver como está a altura, o peso, ver se está tudo bem. E, uma vez mais, isto não acontece necessariamente ou apenas nas famílias carenciadas”.

“Aliás, há um dado curioso. Perguntámos às crianças se elas se sentiam felizes.” Loures tem a maior taxa de infelicidade (7,2). “Mas a proporção de crianças que na Amadora diz ser infeliz [6,7 por cento das crianças] é idêntica à de Oeiras [6,3 por cento].”

A curiosidade aqui é que Amadora e Loures são os concelhos com maior percentagem de crianças com um índice de privação acima da média. E Oeiras é o que tem a menor percentagem de todos – “É o concelho onde os pais têm maiores níveis de qualificação, mas onde, se calhar, têm menos tempo para os filhos”.

Como ajudas em casa? Esta era outra pergunta às crianças: 27,5 por cento ajudam a tomar conta dos irmãos e dez por cento dizem que ajudam os pais nas respectivas profissões. Trabalho infantil? Amélia Bastos não tem elementos para responder. Mas admite que nalguns casos, se estas crianças gastarem muito tempo a “ajudar o pai no café, por exemplo”, poderão estar a ser prejudicadas.

Pode ver-se a notícia original: AQUI!

“Depois de Nojoud, de oito anos, que apareceu sozinha num tribunal e conseguiu ver anulado o seu casamento forçado, outras crianças no Iémen começam a seguir o seu exemplo.

Sally al-Sabahi, de 10 anos, está a brincar com amigos e colegas de escola. Mohammed al-Kibsi, do jornal Yemen Observer, está a vê-la no preciso momento em que falámos ao telefone. “Parece feliz agora que fugiu do marido a quem o pai a vendeu e com quem ficou apenas três dias”, relata. “Ela pensava que casar era ganhar roupas e presentes, mas quando foi obrigada a ter relações sexuais, ficou com medo.” Foi uma fuga durante a noite e de muito longe. Da província de Hajja, para onde o marido, de 25 anos, a levou, até Sanaa, a capital iemenita, a 200 quilómetros de distância, onde a mãe reside. Uma tia, comovida com as queixas da menina (“Não quero que ele faça coisas más comigo”), ajudou-a nesta viagem, conta Kibsi, que, desde o casamento de Sally, em Fevereiro, mantém propositadamente on-line (http://www.yobserver.com/editorials/10013811.html) um editorial a denunciar o desinteresse das organizações da sociedade civil por este caso.
“À excepção da advogada Shada Nasser, você foi a única pessoa que até agora me contactou a pedir informações”, lamenta Kibsi. “E sabe porquê? Porque Sally é pobre, e tanto os pais como o marido pertencem à classe mais baixa do Iémen, Al-Akhdam ou Al-Muhamasheen [os marginalizados].” O pai de Sally, identificado como Mabkhout, mercador ambulante, entregou-a a um tocador de tambor de rua em troca de um dote equivalente a 500 euros, mais um vestido de noiva estimado em 2000 riais (seis euros), um colar, uma pulseira e alguns anéis de ouro, posteriormente trocados por uma antena parabólica. No dia do casamento, quando viu chegar o futuro marido, Sally disse ao pai que preferia o irmão mais novo que o acompanhava (“ela queria-o para brincar e não para se casar”, explicou Kibsi), mas a sua preferência foi ignorada. Sem saber o que a esperava, a menina “continuou a dançar e a jogar”, e não chorou. As únicas lágrimas foram as da irmã mais velha, de 27 anos e casada à força desde os 13, que tudo tentou para impedir a repetição do seu destino; as da mãe, que ainda hoje não entende por que o ex-marido voltou, para gastar tudo em tabaco e qat (folha para mascar), depois de a ter renegado há três anos; e as das irmãs mais novas, de sete e seis anos, que amuaram porque “também queriam casar e receber prendas”.

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3c9e6a40d18020e5.jpgA Carla Cerqueira de ‘Elas nas Notícias’ lançou-me o repto: encontrar definições para as seguintes palavras. Eis, de seguida, as minhas respostas.

1. VIDA: um processo de morte – frutífero, efémero e tumultuoso.

2. AMOR: um ‘bem’ cada vez mais escasso.

3. CASAMENTO: Lucy Stone dizia que “o casamento é para a mulher um estado de escravidão”, uma asserção que recolhe, parcialmente, a minha anuência.

4. FAMÍLIA: alicerce fundamental na minha edificação humana.

5. DINHEIRO: o necessário para sobreviver condignamente nesta sociedade capitalista.

6. HOMEM: parceiro fundamental na consecução de novas vitórias.

7. MULHER: demasiadamente transigente com a recorrente amputação dos seus direitos.

8. DESEJO: revestir as relações de género com indumentos de equidade e mútuo respeito.

9. SUCESSO: oscilante, temporário, plenamente inalcançável.

10. PROFISSÃO: ainda por definir!

11. SAÚDE: o manípulo do ser humano; catapulta para novas aspirações e projectos.

12. INTERNET: um espaço que privilegia a aquisição de novos conhecimento e construção de novos laços e alianças direccionadas para a defesa dos direitos humanos.

13. PRESENTE, 14. PASSADO, 15. FUTURO: fruição, recordação, expectativa.

16. POLÍTICA: uma área na qual a revisão de dogmas e práticas urge com premência.

17. BRASIL: país ostentoso de uma beleza natural imponente. Por outro lado, corroído por práticas como o turismo sexual de menores.

18. SEXO: motivo de tanta esgrima, pudor, pungência, coacção e submissão. 

19. ARTE: germina no âmago humano.

20. OPINIÃO SOBRE O DESAFIO EM QUESTÃO: um desafio que me levou a reflectir sobre aspectos da minha vida e personalidade que tendo a descurar.

21. PESSOAS A QUEM PASSO O DESAFIO:
A Cidade das Mulheres
Dilemas e pensamentos
Lilás com Gengibre

Anabela Santos