A história pode-se repetir? Será que estamos livres de um regime totalitário? Os alunos de uma turma de secundária, que demonstram no início total desinteresse pela questão, pensavam que sim. Um projecto na aula de Autocracia na Alemanha, acaba por tomar proporções impensáveis.
A experiência pretendia reproduzir na sala de aulas um regime ditatorial, para tal o grupo, baptizado A Onda, possuía uniforme comum, regras autoritárias, chefe (o professor), logótipo, e uma forma de saudação. Todos os elementos pareciam reunidos para exemplificar como surgem este tipo de regimes, os factores e ideologias que os unem, os contextos sociais que os favorecem.
O que a experiência escolar não previa era a reacção dos alunos. Uma turma de adolescentes com famílias problemáticas, uns sem autoconfiança, outros sem espírito de liderança, sem laços e amizade que encontram na experiência de grupo segurança e entreajuda, e claro um guia através da obediência ao seu líder.
Pouco a pouco as coisas fogem de controlo, quando começam a discriminar quem não partilha dos seus ideais, e começa a viver somente para o grupo. Face a situação o professor vê-se obrigado a terminar com a experiência, mas já foi tarde de mais. Acabando com um final que se previa trágico os jovens, que estavam tão seguros de si, absorviam sem pensar as palavras do líder e estavam dispostos a fazerem tudo o que ele pedisse, nem que fosse uma guerra.
A história, inspirada num episódio real ocorrido na Califórnia (EUA) em 1967, alerta para a facilidade com que as nossas certezas podem ser abaladas, para a fragilidade da nossa opinião própria face a um pensamento de grupo. Este movimento colectivo que nos pode levados a tomar decisões e fazer acções irracionais.
Afinal poucos dias depois da experiência começar parecia esquecido o discurso inicial de que não poderia voltar a existir um regime fascista porque estavam mais esclarecidos. Parece que eles não estavam, apesar de conhecer a história como o repetiam nas primeiras cenas. E nos estamos mesmo? As nossas convicções são assim tão seguras?
Sylvie Silva Oliveira